sábado, agosto 26, 2006

Chatices

Fiquei hoje a saber que uma amiga minha me considera bastante atraente e, em dias ímpares, até muito giro. Decidi deixar de lhe falar. Nunca suportei calúnias.

terça-feira, agosto 22, 2006

Errata: Não era Ermesinde, mas sim Ermesinde.

Por causa de 4 palermas, o texto que escrevi sobre o Metropolitano, no qual utilizava, como recurso humorístico de prodigiosa qualidade, diga-se, o topónimo "Ermesinde", posso ser, injustamente, acusado de plágio grosseiro. Acontece, pois, que esses 4 palermas haviam usado esse topónimo, com uma intenção idêntica, num dos seus sketches pretensamente humorísticos e eu, cujo sketch em causa não vira até à data em que produzi o meu texto, acertei em cheio, escolhendo o mesmo topónimo. Explicado, pois, o que se passou, retracto-me da falha substituindo a frase que tinha usado. O que eu queria dizer não era que nunca tinha estado em Ermesinde, mas antes que nunca tinha tinha estado, isso sim, em Ermesinde. Obrigado.

terça-feira, agosto 15, 2006

Aviso ao consumidor

O aumento da produção de textos aparentemente humorísticos neste blog, nos últimos tempos, deve-se unicamente à ingestão desregrada de um líquido a que gosto de chamar “pinga” (esta é daqui, estando eu, neste momento, com os dedos a apertar uma nádega, e não uma orelha, por efeito, claro está, da pinga). Esperamos normalizar a produção de textos brevemente, isto é, quando acabar a pinga.

Comentário do comentário do comentário do texto anterior

O facto de ter sido eu próprio a comentar o texto anterior ao texto anterior e que é referido no texto anterior permite-me tirar também algumas ilações interessantes. A primeira é que o humor gira muito em torno da conveniência. Ora, se ninguém lê isto, ninguém pode comentar isto e não teria material para escrever o texto anterior, baseando-me num comentário ao texto anterior ao texto anterior. Então, nada melhor que forjar esse material. Em segundo lugar, o facto de comentar um comentário comentado por mim revela que sei o que é um pleonasmo e que tenho uma vida tão pobre que até dialogo comigo mesmo. Em terceiro lugar, o facto de me insultar a mim mesmo e de escarnecer de mim indica que nem eu me tenho em boa conta. Quarto, significa que a parvoíce, ao contrário das expectativas, não tem limites. Por último, significa mais qualquer coisa que agora não me lembro. Já agora, aproveitava era para dizer a mim mesmo o seguinte: “És um totó, pá! Cresce e desaparece!” Enfim, isto é o resultado de não ter televisão para assistir às Televendas…

Comentário do comentário do texto anterior

O facto de o texto anterior ter sido comentado permite-me tirar algumas ilações interessantes. A primeira, e óbvia, é que há, pelo menos, uma pessoa que leu o texto anterior, o que significa que não estou sozinho no mundo. A segunda é que há, pelo menos, uma pessoa que leu o texto anterior e que essa pessoa tem uma opinião sobre o texto anterior. A terceira é que há, pelo menos, uma pessoa que leu o texto anterior, que tem uma opinião sobre o texto anterior e que não se coibiu de partilhar a sua opinião sobre o texto anterior. A quarta, e última, é que a pessoa que leu o texto anterior, que tem uma opinião sobre o texto anterior e que não se coibiu de partilhar essa opinião, não tem sentido de humor e é um cretino…

Desta é que é...

Agora é que é de vez… Deixei de tentar compreender as mulheres. A partir de hoje, vou aplicar os meus esforços em algo mais simples. Estou é indeciso entre a origem do Universo e a resolução de funções harmónicas…

segunda-feira, agosto 14, 2006

Salve, Zidane!

Esteve Kafka em Santo Tirso? Tudo indica que não. Mas pareceu-me uma forma suficientemente absurda de começar um texto sobre Deus. Quer dizer, não é sobre Deus, é sobre Zidane, mas vai dar ao mesmo. Aproveitando que falei em Kafka, depois de se ler o autor checo, fica-se certamente com a ideia: “Vou-me entregar à arte!” Ou à arte ou à droga. Se bem que a droga não faz tanto mal. Em Kafka, o mundo que rodeia a personagem central é profundamente absurdo. Tudo o que envolve o protagonista é incompreensivelmente antagónico àquilo que ele é e nada do que faça ou pense será entendido. Esse homem, o artista por excelência, para quem todos os outros são absurdos, está acima dos outros: é o único ser verdadeiramente livre, ainda que nada lhe seja consentido. Contudo, de outro ponto de vista, para o mundo é o protagonista que é absurdo, pois é ele quem está em desequilíbrio com o que o rodeia, é ele quem não se adequa à norma, é ele quem é o louco. Para o leitor, absurdo é eu estar a escrever sobre o absurdo. Talvez seja. Ainda assim, parece-me que absurdo é tanto o que é absurdo como o que não é absurdo, dependendo da perspectiva. E, perante isto, pergunta o leitor: Andas nos copos? Nem por isso. A verdade é que tudo isto tem algum sentido. Isto é, há uns minutos, tinha algum sentido. Querem que conte uma história? Tudo bem, não conto. Pego então na já mítica cabeçada de Zidane ao italiano Materazzi, durante o prolongamento da final do campeonato do mundo de futebol, gesto com que o francês terminou a sua áurea carreira de jogador profissional. À excepção de um ou outro pateta, o público foi de opinião que o gesto violento de Zidane envergonhou o desporto e manchou a sua despedida enquanto futebolista. Dizem esses iluminados que Zidane, cuja despedida do futebol poderia coincidir com a gloriosa conquista de mais um campeonato mundial, conquista essa, que, a realizar-se, se deveria quase exclusivamente à genialidade de que era possuidor, traiu-se a si próprio e aos que o idolatravam, ao perder a cabeça. Para esses mesmos seres inteligentíssimos, nada de mais glorioso haveria que terminar a carreira erguendo a taça, de sorriso no rosto. Para essa gente de inomináveis qualidades, glória é apenas nome de mulher. Para esses doutos senhores, a vida é um prazer tão grande como um rebuçado de mentol. Talvez o mundo se vergasse momentaneamente aos pés de Zidane, se tal acontecesse, e talvez, mesmo, ninguém lhe roubasse a conquista da imortalidade, se conduzisse a França ao segundo título mundial. Talvez… Mas basta ao génio a colheita de todos os triunfos? Ou será a glória mais que carimbar o nome entre os ilustres triunfadores? Para aqueles que repetem, de peito feito, que o acto de Zidane lhe subtrai valor, as minhas sinceras saudações pela lucidez de espírito… Não há nada como ignorar a arte, basear-se em ideais pré-definidos ou ajuizar acções pelo grau de catolicismo que transportam para se poder viver em paz… A todos os outros que, estupidamente, se curvam ainda ante o génio do francês: “Tenham vergonha, pá!” Então o homem dá uma cabeçada num companheiro de profissão, deixa os seus ao abandono, passando ingloriamente ao lado da taça que deveria levantar, desencadeia a derrota da sua selecção e a decepção de uma nação, e ainda assim veneram-no?

Fechemos agora os olhos às aparências e finjamos que somos dotados, afinal, de alguma inteligência. O verdadeiro génio não tem que prestar satisfações. Ao cabecear o adversário, violentando todas as regras de conduta da sociedade e ignorando o prejuízo que tal irreflexão acarretaria, Zidane completou-se. Foi como que afirmar: “Se eu quiser, sou campeão do mundo, se não quiser, não sou.” E todos aqueles que depositavam esperanças nele, bem como os que torciam para que ele falhasse, ficaram de repente à mercê da sua vontade. Com um simples gesto, Zidane abraçou o céu. Quem recorda, hoje, os italianos a festejarem o título, ou os gauleses cabisbaixos ante a final perdida? A única coisa que perdurará na memória das pessoas, bem como nos anais da História que contarão às gerações que virão depois de nós, são os segundos dramáticos que acompanharam a saída de Zidane do relvado, caminhando decidido para o balneário enquanto passava ao lado do troféu mais importante do mundo sem lhe lançar o olhar. Só isso restará. Por que nos compraz a figura de Hamlet, se matou a família toda antes de se suicidar? Se Napoleão, enquanto líder de um exército, pode ser responsabilizado pela morte de tantos soldados inimigos e civis inocentes, por que razão é lembrado como um génio militar? Estará o génio acima dos outros homens, acima da moral, da lei?… Para certos loucos, a resposta não é difícil. A única coisa que prende o génio à terra é a expressão corpórea da sua alma. Ignorar o mundo – eis a expressão máxima do talento do homem. Zidane não se envileceu; perfez-se! Ignorar o troféu e a glória humana, a fé com que alimentava os que acreditavam nele e o desafecto dos que eram contra ele, abandonar tudo o que era humano em si, escapando à modorra do mundo e libertando-se totalmente – eis o que o lhe perpetuará a fama… Porém, é inútil pedir que o vulgo compreenda o génio. Tornar-se absurdo, à vista dos outros, é o preço a pagar por se ser diferente… E como os protagonistas de Kafka, Zidane será eternamente vaiado pelos néscios. Como Gregor Samsa, será visto como um insecto frágil, que os homens medíocres não são capazes de compreender, mas que podem aniquilar se lhe ignorarem a existência. Ao mundo é sempre mais fácil ignorar o que não percebe. Portanto, aos olhos do mundo, como Joseph K, Zidane morreu “como um cão”. Mas, tal como o protagonista kafkiano, perdurará, por essa mesma razão, na eternidade… Salve, Zidane!

domingo, agosto 06, 2006

Elogio

Depois de tudo o que se passou hoje, recebi um elogio de uma mulher. O mais estranho é que não é um caso isolado. Foi o segundo esta semana. Começo a ficar preocupado com a minha reputação…

Ai, a praia...

Pá, hoje fui à praia. “E então?” – pergunta o senhor leitor. – “Milhares de portugueses foram à praia hoje.” Pois… Mas é que eu fui à praia. A verdade é que a praia, para mim, é algo muito diferente daquilo que é para os outros portugueses. Para mim, a praia é basicamente areia e água. E é este significado profundo que a praia tem para mim que faz com que a minha experiência seja completamente diferente dos demais veraneantes. Enfim, fui à praia. Hoje. Infelizmente, hoje que fui à praia, afogou-se alguém. “Quem? Quem?” – perguntais vós. – “Quem? Era alguém conhecido? O Marco Paulo?” Infelizmente não. Devo dizer que sei que se afogou alguém, mas não sei mais nada. E já saber isso é muito bom. É que hoje fui à praia, mas não fui dos 99% dos que se juntaram à beira-mar, a ver se a equipa de buscas encontrava a dita pessoa. “E não tiveste curiosidade?” – pergunta, uma vez mais, o leitor inoportuno. Curiosidade até tive. Daí ter tentado continuar a dormir, para perceber quem era a gaja que me apareceu no sonho anterior. Enfim, enquanto um idiota qualquer tentava acabar de ler a Madame Bovary para perceber como Flaubert achincalha o ser humano, enaltecendo-lhe a estupidez, outras centenas de pessoas acorriam ao local onde alguém que não conheciam tinha ido fazer companhia aos peixinhos. A primeira coisa que me veio à cabeça foi: “Se estão a oferecer, também quero um bilhete para o concerto dos D’zrt!” Não consigo mesmo entender a necessidade ridícula que o ser humano tem de tentar conhecer as coisas mais desinteressantes. “Ó Joaquim, larga lá essa lambisgóia da Emma e vem ver quem morreu! Aposto que não tinha posto as braçadeiras e não tinha uma bóia à volta da cintura! Não têm cuidado e dá nisto! Anda lá, pá! Quero lá saber do senhor Homais e da esperteza saloia dele! Quero é saber quem morreu…” Adoro a praia. É um local óptimo para não ler Flaubert. Que bem que me sinto por ter ido hoje à praia…

Judiarias

Estalou hoje a guerra no Médio Oriente. Ah, não foi hoje. Isto já tem umas semanas. O que estalou hoje foi o meu mindinho da mão esquerda. Faço sempre confusão. Enfim, os israelitas andam a fazer judiarias, não é? Piada religiosa, hein?… São muitos anos de humor. Quando se é bom numa coisa, é-se bom e não há volta a dar… Bom, aquilo que queria deixar aqui era uma mensagem de encorajamento. Acho bem tudo o que andam a fazer, mas tentem, se puder ser, não matar muitos terroristas, está bem? É esse o meu desejo. Acho que é uma classe social que faz falta… Mas tudo bem, se ainda assim quiserem acabar com eles todos, tenho outra sugestão. Não espalhem a notícia, mas eles estão todos enfiados é em infantários e em hospitais. Por isso, se é isso que querem, bombardeiem isso tudo. Mas com força. Não quero cá mariquices…