terça-feira, julho 18, 2006

Metropolitano, um país superpovoado

Boas festas! Queria agradecer, nesta quadra festiva que é o Verão, aos amáveis senhores do Metro pela bondade com que dispõem sucessivos comboios à hora de ponta! Sinceramente, não era preciso… Claro que fica bem da vossa parte, mas não era preciso preocuparem-se tanto. A sério! Eu, no Verão, quando o frio aperta e o odor corporal é menos intenso, gosto bastante de ir enlatado numa carruagem, metido entre uma axila fedorenta e uma família de romenos surdos-mudos. E, como eu, há muita gente. Aliás, às vezes, mas só às vezes, gosto de tentar um malabarismo arriscado que é mexer outra parte do meu corpo que não os olhos. Eu nunca estive em Bombaim. Já que falo nisso, também nunca estive em Ermesinde. Mas o importante aqui é que o Metropolitano de Lisboa deve ser o que de mais parecido temos com o excesso populacional naquela parte do mundo. Refiro-me a Ermesinde, claro. E como é bonito conhecer outras culturas, não há nada como entidades do estado trazerem até nós, especialmente no Verão, a sensação refrescante de se viver às cavalitas de outras pessoas enquanto um cheiro a caril nos faz dizer qualquer coisa como: “Se este gajo tirasse o cotovelo da minha boca, já comia uma chamuça!”. Enfim, Metro apinhado no Verão, gente feliz até mais não! É o meu lema. Agora, aquilo que falta é aumentarem o preço dos bilhetes, até porque uma coisa é pagar para se fazer uma viagem do trabalho para casa ou vice-versa, outra muito diferente é poder desfrutar, durante essa mesma viagem, de uma experiência cultural como seja a partilha do hálito a vinagre da mulher que se sentou no nosso queixo. Por isso, aos atentos senhores do Metro, queria lançar aqui um repto. Também me apetecia lançar uma granada de mão, mas é capaz de não ser boa altura. Portanto, o meu repto é: “Percam a cabeça e ponham comboios a passar de vinte em vinte minutos, só para ver o que dá!” E já agora: “Espalhem umas bombinhas de mau-cheiro pelas carruagens, que é para a malta se sentir um bocadinho melhor.” Se não acharem boa ideia, podem sempre cometer a estupidez de pôr comboios de três em três minutos e de fazer com que os vossos clientes sintam que, afinal, até são respeitados. Mas isso, como é óbvio, traria consequências indesejadas. E é claro que nenhum de nós quer o bem-estar dos outros ou a simpatia daqueles que servimos…