domingo, setembro 02, 2007

Fumar mata, mas pedir cigarros também deveria matar...

Se há coisa de que não gosto é de malta que pede cigarros aos outros. "Ah, ó chefe, orienta aí um cigarrinho!" - dizem-me. Já estive quase para começar a andar com um letreiro pendurado ao pescoço a dizer: "Não sou fumador, logo não me peçam tabaco." Mas acredito que, ainda assim, haveria quem tentasse a sua sorte. O cigarro é a única coisa que se convencionou pedir sem qualquer tipo de pudor. Não me recordo de ouvir ninguém pedir rebuçados de mentol a alguém, nem estou a ver uma mulher a virar-se para outra e a pedir produtos para ir retocar a maquilhagem. Cada um tem os seus bens e é de bom senso não pedir o que não é nosso. Mas o cigarro parece que é de todos e é isso que me deixa intrigado. É verdade que, como não fumo, não sei o que é necessitar urgentemente de um cigarro, e posso estar a ser injusto. Mas às vezes também vejo um casal cuja rapariga me agrada e nem por isso me dirijo ao namorado para lha pedir emprestada. O que é certo é que tudo isto me deu uma ideia. A partir de agora, sempre que me pedirem um cigarro, começarei por aconselhar, benevolentemente, que fumar faz mal e pode até matar. O tipo, certamente, rir-se-á de mim e pensará: "Olha este artista, armado em esperto! Como se eu fosse morrer desta merda já hoje!" Como ele não recuará, por certo, ante a minha advertência de boa fé e permanecerá de mão estendida, direi, com um ar de reprovação: "Depois não diga que não o avisei." Nessa altura, vou ao bolso, tiro o maço de tabaco que comprei entretanto, saco de um cigarro e estendo-o ao simpático pedinte, sorrindo. Só ainda não escolhi em que tipo de veneno hei-de embeber o tabaco...