sábado, julho 26, 2008

Escuteiros

Hoje vi 4 escuteiros e um deles chamava-se Guido. "Tão fofinho!" - pensei. Pá, andarem vestidos daquela maneira, ajudar velhinhas a atravessar a passadeira, fazer vigílias pela Natureza, andarem sempre muito animados e saberem o que é um nó corredio, eu ainda tolero. Agora, Guido? É diminutivo de Margarido ou é só muito apaneleirado?

segunda-feira, julho 21, 2008

Bom Português, mas sem exemplos, se faz favor...

Na rubrica "Bom Português" do programa da RTP "Bom dia Portugal", o exercício de hoje consistia em saber se o substantivo "mais-valia" se escrevia com ou sem hífen. Confesso que, apesar de saber que se escrevia com hífen, não acharia ridículo que, de acordo com o novo Acordo Ortográfico, até se pudesse escrever com dois hífenes. Enfim, lá deram a solução, disseram que era uma expressão composta pelo advérbio "mais" e por uma forma do verbo "valer" e terminaram dizendo que significava "benefício", "melhoria". Até aqui, tudo bem, ainda que não tenham referido Marx e a origem real da palavra, que se reporta ao suplemento de tempo de trabalho não remunerado que é fonte de lucro capitalista, ou seja, à diferença entre o preço dos custos de produção e o preço de venda, que reverte a favor do proprietário. Depois de toda esta lição de bem falar, só faltava um exemplo do emprego da palavra numa frase. Talvez tivesse ajudado se tivessem percebido que a expressão "mais-valia" é um substantivo, mas isto já sou eu a querer meter o bedelho. Assim, de forma brilhante, lá deram o tão esperado exemplo: "Uma vez que está a chover, "mais-valia" ter ficado em casa." Genial! Inventam de tudo: Bom Português com comédia...

sábado, julho 12, 2008

Sonho

Disseram-me que, certa vez, um determinado Rei disse que tinha um sonho. Não sou rei, mas ontem, por acaso, também tive um sonho. Não metia igualdade de direitos nem nações a erguerem-se para o seu verdadeiro signifcado, mas foi bem interessante. No meu sonho, imaginei possível um novo desporto: as 24 horas de hipopótamo. Imaginei que, todos os anos, Portugal desafiava a Índia numa corrida em que um homem, montado durante 24 horas num hipopótamo, tentava percorrer uma distância maior que o seu adversário. Interessante, não é? Sou capaz de propor isto a alguém. Ou então guardo a ideia para mim. Isto de ter sonhos demasiado ousados não costuma acabar bem. Ainda me acontece o mesmo que ao Martinho Lutero Rei...

sexta-feira, julho 11, 2008

Por que é que já ninguém acredita na Física?

Hoje, no metro, um desconhecido, vindo não sei bem de onde, interpelou-me e fez-me a seguinte pergunta: "Por que é que já ninguém acredita na Física?". Franzi o sobrolho e pensei: "Ui, vou ser catado!" Mas, quando torci o olhar, vi um tipo pequeno e sorridente e pensei: "ao menos porrada não devo levar!". Como quem não quer a coisa, e porque vi que ele esperava uma resposta, disse, mostrando-me interessado: "Han?" O tipo, calmamente, voltou a perguntar: "Por que é que já ninguém acredita na Física?" Ponderei dois segundos sobre uma resposta possível, mas não me ocorreu nada de relevante. E, dada a estranheza da situação, nem sequer entendia a que se estava a referir. Reparei então que à minha frente ia uma mulher. E também ia um rabo. Imaginei, como tal, que a pergunta se referisse à mulher em causa e que o tipo ia, de seguida, fazer um comentário "porcalhão" sobre o rabo da senhora. Nada disso. "Já ninguém acredita na Física", continuou o tipo, "mas tudo é Física". "Profundo", pensei. E, àquela hora, o que eu precisava era mesmo de pensamentos profundos. "As pessoas pensam que é uma tecnologia ultrapassada, mas não é", disse. Tecnologia? Bahh! Podia ser gatuno, mas não era lá muito esperto. Toda a gente sabe que a Física não é uma tecnologia, mas uma disciplina em que se faz ginástica e joga à bola. Pensei em corrigi-lo, pois considerei que era gente que merecia aprender, mas depois optei por não o fazer. O tipo ainda se chateava e nem com os documentos me deixava ficar. Por isso, calei-me. Estávamos, por esta altura, a chegar às escadas rolantes, pelo que ele continuou a sua explicação: "tudo é Física. Isto [apontava para as escadas rolantes] é Física, não é?" Aquela afirmação, a pedir o meu acordo, fez-me pensar que, se alinhasse no jogo, talvez até me safasse com o telemóvel. Soltei um tímido, mas assertivo "Pois!", que é daquelas respostas que dá para tudo. E, para meu espanto, o tipo não me voltou a dirigir a palavra. Enfim, fiquei sem saber por que é que já ninguém acredita na Física (caso alguém saiba, é dizer, se faz favor), mas ao menos não fui roubado. Por outro lado, fiquei a saber que nem sempre quem se mete comigo no metro é bandido; às vezes pode ser só um tipo com dúvidas.

P.S. Não encontro o telemóvel. Será que era carteirista?