terça-feira, março 22, 2005

Justiça lhe seja feita, ela até que nem é assim tão mazinha...

Ainda a propósito de Fátima Felgueiras, começo a achar que talvez a senhora não seja assim tão culpada. Afinal, tinha que haver alguma coisa que fizesse toda a população de Felgueiras acreditar piamente que ela não transgredira a lei. Pus-me a pensar e – não é que ela afirma terminantemente a sua inocência?! Como toda a gente sabe, a grande qualidade do vigarista é a sua católica honestidade. Caramba, se ela diz que não fez nada, é porque não fez mesmo...

sábado, março 19, 2005

Agora vou... Agora já não vou...

Fátima Felgueiras disse que vinha a Portugal porque só com a sua presença o seu julgamento teria sentido. Porém, depois de saber que, assim que pisasse solo nacional, seria imediatamente levada sob custódia, uma vez que a decisão de prisão preventiva se manteve, voltou atrás e disse que, para já, continuava no país irmão a apanhar banhos de sol e a mamar caipiroscas. Mas afinal o que vem a ser isto? Primeiro ela diz e depois desdiz? Que país é este em que alguém diz e depois diz que não e quando se vai a ver já disse outra vez? Mas que é isto? É que se assim é, qualquer dia, alguém diz que “isto é assim”, vem outro e diz “que não”, depois chega mais um e diz que “assim não mas de outra maneira talvez”. Então mas que raio é isto? Ela quer vir, mas depois já não quer vir; depois quer vir outra vez, mas quando dá por si, prefere já não vir; mais à frente, lembra-se que gostava imenso de vir, mas como está cansadita, decide não vir. E nós ficamos naquela: mas então como é? Já estamos a abusar, não? Sou só eu que acho que ela continua a troçar de tudo e todos? Qual será a próxima declaração? Será que vai chocar o país ao dizer, chorando em pleno directo, que está inocente? (Se bem que isto podia parecer um bocado repetitivo e perder um bocado da força que se desejaria.) Ou irá apresentar testemunhas tão credíveis como o Major Valentim Loureiro ou o Sapo Cocas? Eu até acho bonito e tal a cena de ela dizer que a sua presença era essencial para a seriedade do julgamento, mas alguém acredita que ela não diz isto a fazer figas e a conter uma gargalhada? Tenham lá paciência, mas era de actrizes assim que as novelas da TVI estavam a precisar. E não é que o pessoal de Felgueiras acredita mesmo que a mulher é uma santa! (Pronto, estes são também, provavelmente, aqueles que não acreditam que o Homem foi à Lua, ou que pensam que iogurtes com pedaços são ficção científica.) Mas também não admira. Ao que lhes foi comunicado, o problema era um tal de “saco azul”. Ora, é crime meter a mão num saco, ainda por cima azul? É óbvio que não. Como tal, e como ela até nem tem cara de quem é capaz de fazer mal a alguém, só pode ser inocente! Sim, porque a população de Felgueiras, além de dotada de uma inteligência superior à de maior parte dos seres humanos, tem também o simpático dom de saber reconhecer, recorrendo à percepção extra-sensorial com que foi prendada à nascença, a inocência ou a culpa de determinada pessoa. Eu até aposto que, perante gente tão inteligente, mesmo que ela confessasse que se estava nas tintas para o seu julgamento e que se estava nas tintas para Portugal e para os portugueses, continuava a ser inocente. E digo mais: se essa senhora voltasse a Portugal e trouxesse consigo outro dos insignes representantes no estrangeiro da competência do nosso sistema judicial, o Padre Frederico, eram ambos recebidos em Felgueiras em ombros. Tudo porque – e é isto que vale a pena reter – o povo usa e abusa de sabedoria; e, enquanto o povo souber tanto, jamais os verdadeiros criminosos terão vida fácil...

domingo, março 06, 2005

Calamidade Pública

Ouvi dizer que ia ser declarada calamidade pública por causa de não chover. É mesmo verdade? Quer dizer, o Zézé Camarinha anda por aí à solta, ainda por cima sem o açaime, e isso não é caso para alarme, não é? Mas afinal, calamidade pública porquê? A produção agrícola diminuiu drasticamente? Não há comida? Isso realmente é grave, mas tem solução. O que eu vou sugerir pode parecer um bocado absurdo, até porque todos sabemos como nós damos valor às nossas coisas. Sei bem que isso é coisa que jamais passaria pela nossa cabeça numa situação normal, mas já que isto está tão complicado, que tal importarmos de Espanha, hein?

terça-feira, março 01, 2005

Ai a dissolução... a dissolução...

Queria aqui deixar um ar de espanto para com a realidade deste país. Ah! (Pronto, foi isto.) Então não é que eu chego hoje às bilheteiras do metro para validar o meu Lisboa Viva e estou quinze minutos na fila. E digo eu para mim: “Mas afinal isto está na mesma!” Um gajo que não soubesse, podia apostar que o Santana ainda estava no poder. Então mas afinal qual era o propósito das eleições antecipadas? Eu a pensar que agora é que isto tudo ia mudar, que as rotundas se começavam a fazer pela esquerda e que os dirigentes desportivos iam começar a ser eleitos pela sua seriedade, mas afinal não vejo nada. Outro dia, liguei a televisão – e que é que eu vejo? Anúncios no intervalo de um filme! (ou um filme no intervalo dos anúncios, como queiram) Mas, ainda? Que falta de criatividade! Então mas a maioria absoluta não serve para nada? Onde é que estão os haréns com suecas e a boa vida? Eu a pensar que de ora em diante era só facilidades e não é que noutro dia, numa tasquita aqui perto, depois de muito esperar, tive mesmo que pedir delicadamente um pratito de tremoços para acompanhar com a imperial? Quer dizer, o pessoal adere em massa às urnas e depois continua a ter que levar com uma sogra em casa? Está giro! Nem há um asilo para as pôr nem nada? Pelo menos, distribuíam uns açaimezitos à malta... Afinal, virou-se à esquerda ou ocorreu uma disseminação do célebre síndroma da função pública? É que ainda nem sequer se ouviu a mítica ladainha do “foi culpa do governo anterior!”. E com tudo isto, ainda há aqueles que nunca dão o braço a torcer e que se saem com coisas parvas do género:

- “Mas ele só foi indigitado há meia dúzia de dias!”

E o que eu pergunto é: alguma vez foi problema para um político tomar decisões sem pensar muito tempo nelas ou sem ter legitimidade para tal? Por exemplo, se fosse o Pinto da Costa, além de já ter assegurado a contratação de dois ou três políticos de renome internacional que estavam a um passo de assinar pelos partidos rivais, de já ter cortado relações com a oposição e de já ter posto o grupo de trabalho em blackout, já teria tido certamente ideias brilhantes como, por exemplo, a criação de um espaço cultural na televisão pública, a passar em horário nobre, dedicado à tortura de seres como... sei lá... a Manuela Moura Guedes... Será impressão minha ou um cachorro quente com mostarda tem mais ideias que um político? Já fazia falta era uma dissoluçãozita do governo, não?...