domingo, maio 29, 2005

Quer comprar?

Ultimamente, muita coisa estranha se tem passado na minha vida. Primeiro, foi, segundo palavras do Trapattoni, o “scudetto”. Coisa esquisita, vencer o campeonato com o Paulo Almeida e o Bruno Aguiar na mesma equipa! Depois, foi aquilo a que chamam “uma visão”. Não daquelas como a dos pastorinhos, que isso são coisas só para gente com uma certa estaleca. Foi, digamos, para ser simpático, algo um bocadinho mais real. Vi a Margarida Rebelo Pinto. Epah, assim ao vivo, como não abriu a boca nem nada, se eu não a conhecesse até acreditava que sabia escrever umas coisitas com interesse. Mas o melhor estava guardado para hoje. Adivinhem só quem tocou à campainha de minha casa hoje à tarde? Não, não foi a Angelina Jolie em roupa interior. Dois sujeitos bem vestidos, moderadamente faladores, que vinham vender... Não adivinham? Pois é, vinham vender a palavra do Senhor. E sabe o “Senhor” o lucro que isso lhes dá. É coisa para render mais que uns trocos para um cafezito. A partir de hoje, sinto-me qualificado para falar dessa gente: aquilo é rapaziada com muito sentido de humor. A mim, por exemplo, sem me contarem anedotas, puseram-me bem disposto para o resto do dia. E tudo graças – e reparem na extraordinária hilaridade que a frase provoca – à fantástica deixa:

- Nós respeitamos a fé das outras pessoas!

Se bem que tenha reparado que queriam imenso ter acrescentado qualquer coisa do género:

- Apesar de não concordarmos com ela e de acharmos que por aí não é o caminho da salvação.

Realmente, se há coisa que sempre foi um facto, foi o respeito mútuo entre as diferentes religiões. O que é certo é que ouvi-os com toda a atenção do mundo, sempre curiosíssimo acerca daquilo que tinham para dizer. Consigo, inclusive, mercê dessa atenção, dizer que um deles se chamava Armando. Ou seria Rafael? Confundo sempre os dois nomes. Ah, era Bernardo, era isso! Ou não? Ah, é verdade, eles nem sequer se apresentaram. Bom, estes dois seres (não arrisco a dizer homens porque me parece que faltava ali qualquer coisa mais masculina, sem ser a gravata) tinham, segundo percebi, uma missão divina. Foi aqui que eu os interrompi e, muito inocentemente, lhes perguntei se Jesus não tinha já falecido? Se houvesse tempo, aposto que me conseguiam convencer que isso não era bem assim, que era apenas eu a deturpar os factos, que ainda havia um ou outro marmanjo por aí que podia provar que tinha almoçado com ele há uns tempos. Ao que me pareceu, estes indivíduos andavam a “espalhar a fé”, quais Messias. Além de ser das coisas mais amaricadas que há, eu gostava mesmo de saber se se obtêm resultados práticos a “espalhar a fé”. Por exemplo, o Hugo “espalha o caos” na defesa do Sporting e, assim numa primeira análise, não estou a ver benefícios. Quer dizer, andam de porta em porta, com a lenga-lenga do “este mundo está tão mal que as pessoas têm de se refugiar em Deus”, mas, na verdade, o que é que ganham? Será que, além do dinheiro que as pessoas lhes dão para não voltarem, eles ganham algum por fora? E mais, será que nesta actividade do sub-mundo religioso se declaram os ganhos? E corrupção, existe? Apitos dourados e golos-fantasma? E depois, não podiam ser um bocadinho mais heterossexuais? Era capaz de ajudar. É que esse pessoal que gosta de dar parte dos seus ganhos a Deus ainda é um bocadinho agarrado aos costumes antigos. Na verdade, eu percebi nitidamente nos seus olhares uma certa tristeza quando lhes disse que não tinha religião. Ficaram destroçados. Cheguei mesmo a ter pena deles. Mas depois lembrei-me que a pena era um dos sete pecados mortais e passou-me. Enfim, a tarde destes senhores ter-se-á resumido, por certo, a algo parecido com a época do Sporting: foi bom enquanto lá andaram, mas depois não ganharam mais que uma palmadinha de consolação nas costas. E isto deixa-me um pouco confuso. Afinal, que alegrias têm estes evangelizadores da palavra de Deus? A não ser que o Mourinho se converta rapidamente à religião deles, temo mesmo uma crise. Ainda por cima, esta é uma má altura para andarem “à caça” de novos crentes. É que depois da decisão do governo de aumentar os impostos, governo esse em quem se depositavam enormes esperanças, já ninguém acredita em ninguém (se bem que antes também só se acreditava em gente que realmente merecesse crédito, como, por exemplo, esse grande argumentador chamado George W. Bush). Aliás, no que me diz respeito, acho que esta coisa de vender religião é um bocado... como é que hei-de dizer... assim... sei lá... pouco séria. Eu sei que o que abunda nesta actividade é a honestidade, mas isso parece-me o mesmo que aconselhar um grande amigo a esperar sentado no meio da segunda circular até que a mulher da vida dele apareça. É ridículo e suicida! Eu antes achava que ter um filho político era pior que ter um filho sem pernas. Agora continuo a achar isso. Mas acho também que ser Testemunha de Jeová também não é lá grande orgulho. E isto leva-nos para outras questões. São “testemunhas” porquê? E são de acusação ou de defesa? E há Programas de Reintegração de Testemunhas para este tipo de pessoas? É que tudo isto passa a ser importante. Muito sinceramente, eu dava bastante de mim para saber o que vai na cabeça desta gente. Eu sei que essa malta das seitas se considera iluminada e que os outros é que vivem nas trevas, que eles estão em contacto permanente com Deus e que os outros têm as almas condenadas, que eles têm o conhecimento divino e que os outros são uma cambada de ignorantes, mas não haverá a mínima hipótese de ensinar a estes tipos o caminho para a Avenida do Brasil?

segunda-feira, maio 02, 2005

De Rumsfeld para Portas, com amor e carinho...

Ouvi dizer que o Paulo Portas ia ser condecorado pelo Pentágono pela sua prestação enquanto Ministro da Defesa. Depois dos três golos de ontem do Pinilla, bem me queria parecer que alguma coisa andava mal no mundo e não era o El Niño o responsável. A meu ver, isto é uma condecoração de nação inteligente para ser inteligente, ou, por outras palavras, “FODA-SE!”. Era a isto, por certo, que os evangelhos se referiam quando falavam do Apocalipse...

Mães e mulheres

Ora bem, para quem não sabe, ou para quem se esqueceu por ser extraordinariamente ingrato (ou simplesmente porque é distraído), ontem foi dia da mãe! Muito injustamente, na minha sábia opinião, este dia não é assinalado com um feriado nacional. Se bem que ontem também era domingo e isso não fosse muito importante. Enfim, queria aqui dar os meus parabéns a todas as mães do mundo, especialmente àquelas que não tiveram filhos como o Toy. Aliás, queria mesmo aproveitar para dar os parabéns a essas mães e para desejar às outras melhor sorte na próxima tentativa. Fora de brincadeiras, ser-se mãe deve ser das coisas mais fantásticas da vida. É isso e um gelado de baunilha pulvilhado com nozes caramelizadas depois da refeição. Eu, apesar de infelizmente não ter essa possibilidade, basicamente porque não sou mulher nem filho do Nené, gostaria de saber que sentimento sumptuoso é esse que faz com que esse seja, para muitas mulheres, o momento máximo da sua vida. Não é que esteja com ideias de experimentar (portanto, todos os que esboçaram um sorriso de orelha a orelha e pensaram “Foda-se, mais um paneleiro que quer virar mulher”, tirem o cavalinho da chuva), mas gostava que me explicassem que tipo de sensação é essa. Não sou propriamente um céptico, mas duvido sinceramente que seja melhor que festejar uma vitória do Glorioso com um golo do Mantorras já no final do jogo. Outra coisa, as mulheres, na sua grande maioria, afirmam que são mais fortes que os homens e uma das razões que apresentam é suportada pelo incontornável facto de que foi a elas e não aos homens que Deus incumbiu de dar à luz, coisa que, segundo elas, é excepcionalmente dolorosa e que nenhum homem conseguiria suportar. Eu sou um bocado suspeito, pois sou homem, mas não poderá ser porque os homens não têm útero? E depois, minhas amigas, doloroso é resistir às amigas interessantes da nossa mulher só porque ela tem a estúpida mania que tanto o homem como a mulher têm que se manter fiéis à ultrapassadíssima lei da monogamia. Aliás, as duas coisas mais dolorosas para um homem são essa e encontrar alguma coisa na mala de uma mulher. Duvido muito que haja algum homem que já tenha experimentado procurar o pacote dos lenços de papel na mala da sua namorada e que não tenha ficado com gravíssimos traumas (até há aí agora uma nova teoria em que se diz mesmo que o Jack, o Estripador, era um tipo absolutamente normal até ao dia em que a mulher o mandou procurar o baton do cieiro na sua mala.). É que elas têm tudo o que é possível e mesmo o que não é possível lá dentro. Se algum dia se perderem no meio da selva mais a vossa namorada, não hesitem em pedir-lhe para tirar da mala o mais recente sistema de GPS. E mais, se algum dia estiverem com fome e, estupidamente, todos os restaurantes estiverem fechados, basta pedirem para elas tirarem da mala uma frigideira, um bife e, caso estejam mesmo esfomeados, um ovo já estrelado e um tupperware com esparguete. E isto é de tal forma verdade que todas as companhias de telefones móveis andam a tentar aproximar os seus produtos de uma vulgar mala de mulher – daí os telemóveis estarem cada vez mais amaricados e com cada vez mais utilidades sem utilidade nenhuma. Mas pronto, estes verdadeiros bunkers que são as malas das mulheres até podem ser bem úteis. Vou dar um exemplo. Bin Laden. Onde é que acham que ele se escondeu este tempo todo? É mais que óbvio. E isto é outra coisa que me preocupa. Já repararam que enquanto os homens são revistados à entrada dos estádios, as mulheres entram à vontade? Como é que alguém que tem a habilidade de concentrar tanta coisa inútil numa pequena mala pode entrar sem ser revistada? É quase como oferecer de prenda de anos a um palestiniano um carro armadilhado. Bom, comecei por falar em mães e acabei em mulheres, o que prova não só a excelente linha de raciocínio que possuo, como também a inevitabilidade de tudo isto. É que falar de mulheres é, logicamente, falar de mães, uma vez que foi para isso e para fazer compras a toda a hora que elas foram feitas. Já os homens têm afazeres bem mais complicados, como deslocações de trabalho a Bragança ou disputas importantíssimas de futsal com os colegas de trabalho.