domingo, abril 13, 2008

Nova Modalidade Olímpica

A China permitiu, há coisa de três semanas, a entrada controlada de repórteres em Lahsa, com a intenção de mostrar à comunidade internacional que restituiu a ordem na capital tibetana. A mim, estas comitivas de repórteres, escoltadas a convite para observarem a situação no terreno, lembram-me qualquer coisa como aquelas demonstrações de produtos, para as quais se organizam reuniões ou jantares e se convidam familiares e amigos, com o objectivo de tentar angariar compradores para esses produtos. Penso, por isso, que a China, ao contrário do que se imagina na Europa, não está a tentar conter protestos ou a chacinar arbitrariamente o povo tibetano, mas sim a tentar vender algo; a estes repórteres não se abriram as portas do Tibete para que pudessem comunicar ao mundo o que se passa, mas porque são potenciais compradores de alguma coisa. Mas o que pretende a China vender ao ocidente, afinal? Uma nova modalidade olímpica! Todos conhecemos o esforço megalómano empreendido para receber a edição dos Jogos Olímpicos deste ano, em Pequim. Um evento desportivo deste género é encarado pela China como uma oportunidade de provar ao mundo o seu potencial. Além de preocupados em demonstrar as notáveis capacidades de organização, estarão certamente empenhados em ganhar o maior número possível de medalhas. De olhos postos nesse objectivo, a China terá todo o interesse na criação de uma nova modalidade, na qual sejam fortes candidatos, e a atribuição à mesma do estatuto olímpico. Para tal, nada melhor que publicitar essa modalidade e tentar convencer o mundo a “comprar” a ideia. E que modalidade pode ser essa? Uma nova variante do tiro: o tiro ao monge. O que se passa no Tibete não constitui, pois, motivo de preocupação internacional. Se há alguma coisa com a qual as nações ocidentais devem estar preocupadas é com o claro avanço que a selecção chinesa de tiro ao monge leva, neste momento, na preparação desta modalidade. Para já, para além da China, só os países árabes e os sul-americanos parecem ter argumentos para discutir o ouro olímpico neste tipo de prova.