segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Os Grandes Amadores

O programa da RTP "Os Grandes Portugueses" até estava a ser giro. Mas eis que alguém se lembra do seguinte: "E que tal se puséssemos gente completamente incompetente a apresentar os documentários sobre os 10 maiores portugueses?" E assim foi. Confesso que não vi todos os documentários. Para a minha saúde, talvez tenha sido bom não ter visto o que fizeram, por exemplo, com Fernando Pessoa. Mas vi alguns e devo dizer que, em Portugal, o amadorismo continua a ser muito amador. D. Afonso Henriques foi apresentado por uma competentíssima comentadora desportiva. Faz todo o sentido. O nosso primeiro rei foi um desportista muito talentoso, sobretudo a decepar muçulmanos. Mas, na minha opinião, o Maior Amador tem de ser concedido a Gonçalo Cadilhe. "Quem?" - perguntam vocês. Alguém de quem se lembraram que poderia estragar um documentário, usando a parvoíce e essa outra característica que é a parvoíce. Além de abusar na parvoíce, este senhor urdiu um documentário totalmente faccioso. Esqueceu-se das coisas menos boas que o Infante D. Henrique tinha feito e ainda inventou coisas que ele não fizera. Como se não bastasse a parvoíce, conseguiu ainda troçar do estúpido do Camões. O poeta deve ter perdido bastantes noites a inspeccionar dicionários de forma a arranjar um sinónimo para "ilustre" com que apelidar a descendência de D. João I. Por fim, chamou-lhe "ínclita geração", expressão que a História haveria de preservar. Mas estoutro artista, regressando à parvoíce, pensou: "Hmmm... O Camões, além de zarolho, era um bocado burro. Aos filhos de D. João I chamar-lhes-ei, de agora em diante, a "inclita geração". De facto, a diferença não é muita. Isto, claro, se a acentuação das palavras não fosse importante nos versos dos Lusíadas. Além de ter inventado uma palavra nova, Gonçalo Cadilhe, usando de parvoíce, conseguiu ainda estragar o maior poema épico da nossa literatura. E tudo isto num documentário. Bravo...

sábado, fevereiro 24, 2007

Vingança

Ando a fazer um inquérito sobre vizinhos e já tenho a primeira pergunta. Antes disso, devo esclarecer que gosto bastante de vizinhos. Também gosto bastante de vizinhos que acordam cedo. Gosto ainda mais de vizinhos que acordam cedo e que sabem usar um berbequim. Mas do que eu gosto mesmo é de vizinhos que acordam cedo, que sabem usar um berbequim e que usam um berbequim assim que acordam, isto é, cedo... Ora, a minha pergunta é: "Será que o corpo de um vizinho deste tipo, quando regado com gasolina, demora mais ou menos tempo a queimar que o corpo da Joana D'Arc?" Por falar em vingança, a SIC vai estrear (ou já estreou) uma nova novela portuguesa chamada precisamente "Vingança"! Parece que desta vez a história é original... para quem nunca leu Alexandre Dumas...

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Rescaldo eleitoral

Ontem, o Aborto passou a ser despenalizado. Na sede do "Sim", ouviram-se gritos de "Vitória!" Ah, esses adeptos do Varzim não perdem pela demora... A gozar com a mascote do Benfica, é? Bom, é verdade, o país pronunciou-se. Não deixei, porém, de verificar que, de Aveiro para cima e nas ilhas, o "Não" teve maior expressão que o "Sim". E o que me dizem estes resultados? Simples. Em 1998, Portugal era um país de gente estúpida. Hoje, continuamos a ser estúpidos, mas somos menos estúpidos de Coimbra para baixo. "Ó artolas, deves ter a mania que és bom, para dizeres que os defensores do "Não" são estúpidos", dizem-me. De facto, tenho um bocado de mania, confesso. Mas em contrapartida moro de Coimbra para baixo e quando estou com sede bebo "a água" e não "a iágua". Enfim... Além de estúpidos, isto é malta com mau perder. O que aconteceu na manhã seguinte à derrota eleitoral? Pumba - um sismo! Coincidência? Penso que não... A não ser que Deus tenha querido mostrar à malta da terra do Eça de Queirós que, embora tenham visto nascer o tipo que inventou o português moderno, não valem nada. Ah, ganda Benfiquista!! Estiveste bem, mas olha... da próxima, se puder ser, coloca o epicentro na casa do Fernando Santos, está bem?

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Sim ou Sopas?

Perante a pergunta "Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez até às 10 semanas ou qualquer coisa assim parecida que não significa rigorosamente nada?" vou responder com um vigoroso "Talvez, pá!". Gostaria de pensar que votaria Sim ou Não, mas sei que nas alturas certas hesito sempre. Àquilo a que votaria claramente com um Sim seria a uma pergunta do tipo: "Concorda com a penalização da estupidez humana depois das 10 semanas?" É claro que concordo, pois estou um bocadinho farto de gente estúpida... Agora muito a sério. Acho, muito sinceramente, que depois de tanto alarido sobre a legalização do aborto, o boletim de voto do referendo deveria conter, depois da melindrosa questão, dois quadrados correspondentes às duas respostas possíveis, a saber, "Sim" ou "Sopas". É óbvio que quem não é a favor da legalização do aborto é a favor das Sopas. E das Papas. E das Fraldas. Apelo por isso ao voto nas "Sopas". Viva a vida humana... ainda que miserável... Esses insensíveis do Sim deveriam era ser todos exterminados. A fazerem mal às criancinhas, coitadinhas... Onde é que já se viu? Por isso, no dia 11 de Fevereiro, VOTA SOPAS...