terça-feira, março 01, 2005

Ai a dissolução... a dissolução...

Queria aqui deixar um ar de espanto para com a realidade deste país. Ah! (Pronto, foi isto.) Então não é que eu chego hoje às bilheteiras do metro para validar o meu Lisboa Viva e estou quinze minutos na fila. E digo eu para mim: “Mas afinal isto está na mesma!” Um gajo que não soubesse, podia apostar que o Santana ainda estava no poder. Então mas afinal qual era o propósito das eleições antecipadas? Eu a pensar que agora é que isto tudo ia mudar, que as rotundas se começavam a fazer pela esquerda e que os dirigentes desportivos iam começar a ser eleitos pela sua seriedade, mas afinal não vejo nada. Outro dia, liguei a televisão – e que é que eu vejo? Anúncios no intervalo de um filme! (ou um filme no intervalo dos anúncios, como queiram) Mas, ainda? Que falta de criatividade! Então mas a maioria absoluta não serve para nada? Onde é que estão os haréns com suecas e a boa vida? Eu a pensar que de ora em diante era só facilidades e não é que noutro dia, numa tasquita aqui perto, depois de muito esperar, tive mesmo que pedir delicadamente um pratito de tremoços para acompanhar com a imperial? Quer dizer, o pessoal adere em massa às urnas e depois continua a ter que levar com uma sogra em casa? Está giro! Nem há um asilo para as pôr nem nada? Pelo menos, distribuíam uns açaimezitos à malta... Afinal, virou-se à esquerda ou ocorreu uma disseminação do célebre síndroma da função pública? É que ainda nem sequer se ouviu a mítica ladainha do “foi culpa do governo anterior!”. E com tudo isto, ainda há aqueles que nunca dão o braço a torcer e que se saem com coisas parvas do género:

- “Mas ele só foi indigitado há meia dúzia de dias!”

E o que eu pergunto é: alguma vez foi problema para um político tomar decisões sem pensar muito tempo nelas ou sem ter legitimidade para tal? Por exemplo, se fosse o Pinto da Costa, além de já ter assegurado a contratação de dois ou três políticos de renome internacional que estavam a um passo de assinar pelos partidos rivais, de já ter cortado relações com a oposição e de já ter posto o grupo de trabalho em blackout, já teria tido certamente ideias brilhantes como, por exemplo, a criação de um espaço cultural na televisão pública, a passar em horário nobre, dedicado à tortura de seres como... sei lá... a Manuela Moura Guedes... Será impressão minha ou um cachorro quente com mostarda tem mais ideias que um político? Já fazia falta era uma dissoluçãozita do governo, não?...