sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Traqueoto... o quê?

Pois é, parece que o Papa foi internado; aquilo está mesmo mau. E vocês agora perguntam: “então e novidades?” Bom, Sua Santidade não conseguia respirar e tiveram que lhe fazer uma traqueotomia. Para quem desconhece o termo clínico, a traqueotomia é uma intervenção cirúrgica que consiste em abrir um pequeno orifício na traqueia para ajudar à dura tarefa que é respirar com oitenta e tal anos nos costados. Esquisito! Segundo a Igreja Católica, a utilização do preservativo corrompe a natureza do acto sexual, ou seja, torna-o artificial. Como tal, censura a utilização do preservativo porque ninguém deve contrariar a sua natureza e todos devem utilizar apenas aquilo que Deus deu. Ora, será que respirar por outro sítio que não pela boca ou pelo nariz não corrompe a natureza da actividade respiratória? É uma pergunta que lanço... Enfim, do que já pude apurar, a operação foi um sucesso. Agora era de aproveitar para fazer também um tratamento ao reumático e à ciática, uns transplantes de pulmões e afins e, não querendo pedir demasiado, talvez uma lipoaspiração e uma plasticazita pelo corpo todo. Isto, claro, se a Igreja permitir tamanha intervenção. A verdade é que se tem feito de tudo para que o João Paulo continue por cá. E é isso que eu não percebo? Qual é o stress? Ele a seguir não vai para o céu? Não vai voltar a ver os amigos e tal? Tudo bem que não é como no outro lado em que estão lá setenta virgens à espera dele, mas deve ser bom na mesma. Epah, tudo bem, a malta católica quer continuar a ouvir os discursos do homem, até porque tentar adivinhar o que ele diz sempre é um desafio melhor que as palavras cruzadas, mas tudo tem um limite. Vamos ser sinceros: o homem já nem tem gozo na vida. Há quanto tempo não comerá uma boa mariscada? Há quanto tempo não o vêem a dar umas voltitas no papa-móvel a engatar umas miúdas com aquele truque de acenar para o público? É verdade. Ultimamente, a única coisa que o vemos fazer é a discursar lá de cima, com aquela técnica antiquada mas muito apelativa que consiste em proferir todo o discurso de olhos cerrados, não mexendo os lábios e com a cabeça ligeiramente pendida para cima de um dos ombros. É ou não é sinal de que anda farto disto? Se porventura a eutanásia fosse coisa aceitável pela igreja e se alguém ainda o pudesse ouvir, acredito até que pedisse como presente uma mortezita clinicamente assistida. Os optimistas dirão: “ah, enquanto se mexer mais que o Paulo Almeida do Benfica há esperança.” Mas esperança em quê? O homem já nem deve poder fazer o seu xixi de pé. Querem maior humilhação que esta para o chefe de uma instituição que censura abertamente a homossexualidade? Eu não queria ser acusado de heresia, até porque respeito a religião como ninguém, mas, se fosse comigo, além de não renovar contrato com ele, ia já tratando de arranjar uma fatiota catita para as exéquias do senhor e, antes que fosse tarde, ia já felicitá-lo pela coragem com que enfrentou todas as provações da sua vida, sobretudo a fome e a miséria em que viveu desde sempre...