Carnaval
Antes de tudo, quero dizer que isto hoje vai ter que ser breve, pois eu à meia-noite quero ir ver se abro os presentes. Bom, é Carnaval, ninguém leva a mal? Mas ninguém leva a mal o quê? Que raio de provérbio – perdão – dito popular é este? Eu, por exemplo, levo a mal a mania que os portugueses têm de fazer rimas. Não têm mais nada com que brincar? É Carnaval. Vão para a rua sambar, vistam ceroulas, façam o que quiserem, mas não me digam que ninguém leva a mal, porque eu levo! Enfim, Portugal é um país de tradições fortes e este ano descobri mais uma. Pessoalmente, já andava farto de ver reportagens do Sambódromo do Rio de Janeiro. É sempre a mesma coisa. Mulheres semi-nuas a transpirar, coisas a saltar, máscaras parvas, coisas a saltar, alegorias, coisas a saltar, samba, coisas a saltar… Sinceramente, isso já cansa. Quero é folia! Então, este ano, descobri que em Portugal, mais propriamente num sítio chamado Lindoso, temos uma tradição bem mais apropriada ao Carnaval que a tradição brasileira. Chama-se o “Desfile do Pai Velho”. Em poucas palavras, não há samba, mas há bailarico. Não há coisas a saltar, mas há peles engelhadas. Não há carros alegóricos, mas há dois carros de bois. Não há máscaras parvas, mas há gente parva. Ainda dizem que os portugueses não são divertidos. Ai não que não são! Eles até tinham um boneco mascarado! E aposto que havia um velhote malandro, talvez o mesmo que apareceu na televisão, com uma máscara à Clark Kent, com uns óculos escuros só com uma lente, que tinha no bolso uma serpentina prontinha a usar. Não se divertem, não! Está bem, está! Somos tristes, somos! Como disse outro velhote do Lindoso, “somos “pauco” divertidos, somos!!” Ai, ai, que bem disposto é o Carnaval em Portugal! Para mim, então, é óptimo. É o único dia do ano em que ninguém goza comigo por sair à rua com as unhas pintadas. E agora que se faz tarde, vou mas é andando que ainda tenho que ir provar o folar…
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