Autógrafo
Eis o que tenho a dizer ao país: Agostinho Oliveira, dá-me um autógrafo!! Para quem andou a época toda a praticar o coito ou a ordenhar pirilampos e não pôde ver o senhor Koeman a assassinar, repetidamente, esse desporto que é o futebol, eis que o senhor seleccionador nacional de sub-21 nos mostra como se faz. Alguém ensina aos treinadores de futebol que treinar não significa preparar fisicamente os jogadores ou é preciso entrar a pés juntos sobre cada um deles? Enfim, mudando de assunto. Estive hoje numa conhecida loja de calçado, cujo nome não posso dizer, uma vez que este blog não possui fins publicitários. Estive, portanto na Footlocker. Para quem nunca foi a esta loja, este texto acaba aqui. Pode, por isso, clicar na cruz que se encontra no canto superior direito do seu monitor, encerrar o sistema operativo, cujo nome também não convém dizer, pois é o Windows, e ir fazer o que tem a fazer, ou seja, demolhar bacalhau ou desmanchar a árvore de Natal. Para quem já lá esteve, o último período deve ser ignorado. Estive na Footlocker e tenho uma pergunta a fazer: por que é que todos os empregados desta loja são adeptos da Juventus? Também me passou pela cabeça que fossem adeptos do Nacional da Madeira, até porque tinham um sotaque daquela zona de Itália muito porreira que é o Rio de Janeiro, mas creio que eram mesmo da Juventus. Tenho quase a certeza, até, que um deles era o Del Piero mascarado. Agora que penso nisso, era mesmo o Del Piero. Tenho pena de não ter pedido um autógrafo. Mas pronto, se o seleccionador Agostinho Oliveira for leitor deste blog, pode ser que me envie o autógrafo dele na parte de trás de um talão do Multibanco. E isto leva-me para outra questão. Quantos são 386 vezes 45? Poucos saberão, certamente, sem recorrer à máquina de calcular ou sem demorarem as contas mentais. O que também não importa, uma vez que isto não interessa para nada. A questão que, verdadeiramente, me surgiu, foi: por que raio é que os seleccionadores nacionais têm sempre bigode? Por acaso, a questão não era esta, mas uma vez que esta questão até tem alguma pertinência, vamos tentar aflorá-la. Então vejamos: Artur Jorge, António Oliveira, Humberto Coelho, Luís Filipe Scolari, na selecção principal, e ainda Carlos Queiroz, Agostinho Oliveira, que já teve, e, acredito, muitos outros. Para ser sincero, não me lembro de um seleccionador nacional que não tivesse bigode. Mas que raio de obsessão é esta? Significará isto, porventura, que, se eu deixar crescer o meu bigode, tenho boas possibilidades de assumir o cargo de seleccionador nacional? Ou significa apenas que simpatizo com aquela malta que gosta de conservar restos de comida, não vá ter fome mais tarde? Significará tudo isso, certamente. Acredito que, sendo assim, Quim Barreiros é forte candidato a técnico da selecção, assim como a vassoura de cabo de madeira que tenho ali guardada. Não vou fazer uma piada com o pessoal da GNR, até porque este blog não faz piadas sobre gente de bigode… Bom, não sei se já referi, mas gostaria, isso sim, que o senhor Agostinho Oliveira, esse Napoleão da bola, me autografasse a nádega esquerda. E agora sim, eis a questão na qual, de facto, tinha pensado e que, entretanto, ficou pendente por causa dos bigodes. Que paranóia é essa das pessoas que andam à caça de autógrafos? Nunca percebi, a sério. Chegam a andar aos magotes a pedir uma assinatura. Mas para quê? Para quê? Para mostrarem aos filhos, anos mais tarde? “Vês, Carlinhos, isto parecem três riscos, mas é a assinatura do Pauleta. O Pauleta pontapeava queijos e comia bolas de futebol. Ou seria ao contrário? Esta cabeça… esta cabeça…” Qual é a piada de um autógrafo? Será que as personalidades famosas possuem uma caligrafia invejável? Será que a malta pede os autógrafos para estudá-los? “Reparem, senhores, na perfeição do traço de Cristiano Ronaldo. Reparem na curvatura exímia do “O”, no emaranhado de riscos em que se lê Cristiano ou, simplesmente, bjhksaej. Reparem na técnica, na velocidade de execução, na classe do autor desta rubrica portentosa…” Francamente, não entendo. Eu, se fosse famoso, não concederia autógrafos; não teria paciência para multidões de gente estúpida, gente que, depois de o Maniche assinar as costas do Lisboa Viva, corre para casa a mostrar aos amigos o feito glorioso do dia. Diria que não sabia escrever, ou algo do género. Ou então, diria algo como: “Tudo bem, eu assino a porcaria da cana de pesca, mas com a condição de você não mostrar isto a ninguém.” Dificilmente alguém aceitaria estes termos. O português gosta de autógrafos para mostrar aos outros, para poder dizer: “Vêem, vêem, seus bêbados? Hoje estive ao pé do Nuno Gomes. Quem é agora o falhado, hein?” Ai, ai, Portugal, Portugal… Como diria essoutro senhor de bigode, “falta cumprir-se Portugal!”. E acrescento eu: “… pá!!!”
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