Velhas
Gostava de levantar algumas questões de elevado grau de importância. Primeiro, por que é que as velhas têm a mania que, mesmo depois de passado o prazo de validade delas, ainda podem dar opiniões sobre o que se passa no mundo? Uma das coisas mais irritantes que existe é, para além dos anúncios a pensos higiénicos, duas velhas a falarem seriamente sobre a subida do preço do petróleo. Saberão, porventura, pelo menos, o que é o petróleo? Com sorte acabam a discussão com a frase: “Pois é, isto anda tão mal que qualquer dia não há dinheiro para comprarmos petróleo e morremos à sede.” E por que é que, mesmo que estejam a falar de couve-flor e alho-porro, acabam sempre por meter Deus ao barulho? É que é sempre! Se não é “Deus nos dê saúde”, é “Deus escreve direito por linhas tortas” ou “Deus nos proteja” ou “Deus lá sabe”. Deixem lá o homem em paz. Ele já deve estar farto de saber que dá saúde e que escreve direito por linhas tortas, mas elas insistem em dizê-lo. Será que pensam que Deus é surdo? E depois benzem-se, que é outra das coisas que mais enerva. Que é aquela merda? Por acaso são jogadores de futebol brasileiros a celebrar um golo? Não podem ver nada que querem logo igual. Igualmente irritante é ouvir as mesmas senhoras a falar ao telemóvel. Por que será que as pessoas mais velhas falam ao telemóvel sempre aos gritos? Será que pensam que, se gritarem, a mensagem chega ao outro lado mais rápido? E a deslocarem-se em locais públicos? Já vi caracóis que, mesmo com dez quilos às costas, eram mais velozes. Sabe Deus os malabarismos que é preciso fazer para se ultrapassar uma velha sem a mandar ao chão num dia de saldos na Baixa. A minha pergunta agora é: será que demora muito para estas pessoas começarem a fossilizar? Já morriam! E com tudo isto, ainda há aí um bando de cínicos que não quer legalizar a eutanásia...
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