De que é que estavam à espera?
Tenho ouvido todo o tipo de queixas acerca da “Quinta das Celebridades”: que é isto; que é aquilo... Enfim, o que é que estavam à espera de um programa em que os seres mais inteligentes são considerados animais irracionais? Queriam ver o burro declamar Fernando Pessoa? Ou a porca a compor Beethoven? Mas o programa tem o seu lado positivo. Eu estou muito contente e infinitamente grato por ter podido assistir à primeira noite dos famosos na casa. O momento alto foi sem dúvida aquele em que se viu, ainda que em tons de verde, o rabo atlético daquele senhor (ou será senhora?), devidamente aquartelado numas cuecas de fio dental que dão à expressão o “último grito” um significado bem literal. Não é oficial, mas correm boatos de que a violência infantil disparou nesse dia e que o consumo de drogas por pessoas de idades compreendidas entre os 60 e os 70 atingiu o máximo histórico. Na minha opinião, não é motivo para suicídio. Quanto muito, uma depressão. Aliás, não consigo entender o porquê dessa perseguição ao referido sujeito. Afinal, o homem (como não há dados concretos sobre o verdadeiro género do espécime em questão, tomo a liberdade de lhe chamar homem, esperando com isso não ofender ninguém) não fez mal a ninguém. Não há provas de que tenha sido ele a principal razão do insucesso escolar na última década, ou o motivo pelo qual metade dos toxicodependentes do nosso país se recusa a largar as drogas. Chega mesmo a ser ultrajante sequer pensar que ele possa ter proferido a frase “As plantas são bonitas, mas as flores também.” Penso, inclusive, que há muito a aprender com ele. Eu, pessoalmente, tenho por ele enorme estima, pelo menos desde que soube que o seu pássaro preferido era a borboleta. Sempre disse que ele ia longe. E hoje é vê-lo aí: trabalhador, respeitado e cheio de mulheres à sua roda. É de fazer inveja ao Zézé Camarinha ou ao Bill Clinton. E mais, ele é homem (pelo menos teoricamente) para dar dois passos, quer dizer, passo e meio sem abanar as ancas. Por isso, para aqueles que o criticam, aqui fica uma breve mensagem em jeito de sentença grega: a inteligência não é tudo na vida; há também a mariquice e a transexualidade. Regressando à inesperada falta de qualidade do programa, penso que ainda não deu tudo o que tem para dar. Acredito até que, lá para a frente, possamos entreter-nos com uma animada disputa entre duas galinhas para ver quem fica com o melhor lugar na capoeira.
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