Discriminação
Um cozinheiro portador do vírus HIV foi despedido do hotel onde trabalhava e o Tribunal da Relação de Lisboa deu razão ao hotel. Os argumentos a favor do despedimento são de que o cozinheiro, sendo portador do vírus, poderia contaminar a comida quer com a sua saliva, quer com o seu suor. Levantou-se, por isso, uma grande onda de indignação: segundo a opinião pública, atitudes discriminatórias como esta revelam a ignorância em que o país ainda se encontra. Devo dizer que não partilho desta opinião. Quer dizer, só porque tem uma doença lixada, devemos ter pena dele, não? Se o cozinheiro cospe na comida ou tem o hábito de escorrer o suor do seu corpo para a comida, então tem mais é que ser discriminado. Não devemos discriminar o tipo por ter a SIDA, mas podemos discriminá-lo por ser um porcalhão. Como se isto não bastasse, o fulano é cozinheiro. É verdade que não é simpático discriminar alguém só porque pode morrer se se esquecer do agasalho, mas um homem que tem por profissão fazer rissóizinhos de camarão e bater claras em castelo não me merece respeito. Claro que toda a gente tem direito a ter a doença que quiser, mas quem passa mais de duas horas por dia a trabalhar com iogurteiras não se pode queixar...
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